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‘Mensalão’ de corregedor incluiria também bingos

O Ministério Público Estadual (MPE) investiga supostos pagamentos de propina em troca de proteção do órgão responsável por fiscalizar polícia

Por Alexandre Hisayasu
Atualização:

Além do “mensalão” pago por policiais corruptos à Corregedoria da Polícia Civil, em troca de proteção, o Ministério Público Estadual (MPE) investiga outro esquema de propina envolvendo corregedores e donos de casas de bingo da capital e outros jogos ilegais. O valor seria o mesmo do ‘mensalão’: R$ 50 mil.

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As investigações dos promotores do Grupo Especial de Controle Externo da Polícia (Gecep) começaram em outubro do ano passado, após uma denúncia anônima informar que policiais da corregedoria recolhiam dinheiro de casas de bingo, a pedido da diretoria, e dividiam entre eles.

Os promotores pediram os nomes dos policiais à corregedoria, pois o número da viatura usada para buscar a suposta propina e o primeiro nome de cada um havia sido informado. Mas o departamento se negou, alegando que havia vários policiais homônimos trabalhando no departamento.

Relatório de promotor aponta fraude em apurações Foto: Estadão

Os promotores do Gecep levantaram todas as ocorrências da corregedoria de apreensão de máquinas caça-níqueis, videobingo e demais jogos de azar e descobriram que dois policiais: um investigador e um carcereiro, cuja função é de vigiar presos, sempre aparecem na maioria dos casos. O fato foi considerado suspeito e, por meio dele, o Gecep obteve mais indícios sobre as denúncias.

A investigação também descobriu que os policiais atuavam na Divisão de Operações Especiais (DOP), da corregedoria, e identificaram a viatura que seria usada no esquema.

Farsa. A investigação analisou as queixas recebidas pelo Disque-Denúncia e encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil nos últimos quatro anos, em relação a jogos de azar. O que chamou a atenção dos promotores é que, em 2013, a Corregedoria da Polícia Civil não verificou nenhuma denúncia.

Então, o Gecep encaminhou ofício ao Disque-Denúncia e à Ouvidoria da Polícia, em 13 de março, pedindo explicações. Os órgãos repassaram os questionamento à corregedoria. Segundo os promotores, todas as denúncias não verificadas em 2013 passaram a constar como “respondidas” dois dias depois.

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Segundo o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, policiais foram identificados e afastados de suas funções Foto: Hélvio Romaro/Estadão

Em despacho, o promotor Antonio Bendito Pinto Junior, do Gecep, afirma que “ao que tudo indica, analisando o teor das denúncias, conclui-se que as cerca de 300 notícias foram apuradas basicamente em dois dias, nos dias 24 e 25 de março – os nossos ofícios requisitando informações aos respectivos órgãos foram recebidos no dia 13”.

O secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes disse, na segunda-feira, que recebeu cópia de todas as investigações envolvendo suspeitas de participação de policiais da Corregedoria da Polícia Civil em esquemas de corrupção, incluindo os bingos e o “mensalão” pago por policiais corruptos.

Segundo Moraes, sete investigadores da Corregedoria foram identificados e acabaram afastados imediatamente de suas funções, incluindo o chefe deles, Waldir Tabach.

Moraes também disse que não há até agora indícios da participação do então diretor Nestor Sampaio Penteado Filho. Mesmo assim, ele foi afastado do cargo e está à disposição da Delegacia-Geral, sem função definida. A medida foi tomada para evitar constrangimento. “Não é razoável o chefe da equipe investigar a própria equipe.”

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