Popular sobrevive ao 1.4

Rafaela Borges - O Estado de S. Paulo

18/08/2009 | 17h11

Em julho os 1.0 tiveram a maior participação em vendas dos últimos 2 anos

Os modelos equipados com motor 1.0 alcançaram no mês passado a maior participação nas vendas totais dos últimos dois anos. Segundo dados da Anfavea, associação das montadoras, dos 226 mil carros de passeio vendidos em julho, 55,1% são populares.

 

"A oferta de crédito voltou a crescer e deu acesso ao veículo a mais clientes", diz o presidente da associação, Jackson Schneider. "A porta de entrada desses consumidores para o zero-km é o popular", afirma o consultor da Mega Dealer, José Caporal.

 

Após um período de baixa, em que a participação dos 1.0 chegou a 46,2% (novembro), menos que os 52,3% dos acima de 1.0 a 2.0, o governo deixou de cobrar IPI para os carros de 1 litro - antes o imposto era de 7%. Isso foi em dezembro e, no mês seguinte, eles começaram a reagir. "E devem continuar nesse patamar se não houver mudança na conjuntura econômica até o fim do ano", aposta Caporal.

 

Especialistas concordam que os novos clientes foram mais determinantes para a retomada da participação do que o fim do IPI para os 1.0. O imposto para os 1.4, principais rivais dos populares, ainda existe, mas foi reduzido à metade: de 13% para 6,5%.

 

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Na prática, a diferença de preços é pequena. Por exemplo: um Fiat Palio 1.4 que antes da redução era R$ 1.900 mais caro do que o 1.0, agora custa R$ 2.430 a mais (veja quadro à direita).

 

"A chegada de novos 1.0 ajudou a ampliar a participação", diz Caporal. Ele cita a quinta geração do VW Gol, que estreou no ano passado sem aposentar a G4, o VW Voyage e o Ford Ka. O Chevrolet Prisma também acaba de ganhar versão popular.

 

QUEDA

Até o início da década, os 1.0 reinavam. Chegaram a ter quase 80% de participação. A partir de 2002, o governo aproximou o IPI desses carros ao dos com motores acima de 1 litro a 2.0.

 

Com isso eles começaram a perder espaço (confira na página 5). A queda foi reforçada em 2003, com a chegada dos flexíveis. A tecnologia estreou nos propulsores maiores. As versões de entrada de Fiat Uno e VW Gol, por exemplo, só se tornaram bicombustíveis em 2005.

 

Àquela altura havia outro forte concorrente: os 1.4. Em 2006, pelo mesmo preço, o Peugeot 206 1.0 deu lugar à versão de maior cilindrada. E a Chevrolet lançou o Prisma 1.4, motor que também passou a equipar Corsa e Montana. Recentemente, a linha Corsa deixou de ter o 1litro.

 

Com os financiamentos longos, que reduziram a diferença nas parcelas entre os 1.0 e 1.4, a participação dos populares não voltou aos índices dos anos 90.

 

NÚMEROS

linkSó quatro modelos de fabricantes nacionais são 100% populares: Uno Mille, Clio, Celta e Classic;

 

linkNo Palio os 1.0 têm 86,4% das vendas. No Gol, são 82,4%, no Voyage, 62,2%, no Siena, 46% e no Fiesta Sedan, só 34,5%;

 

linkA maior participação dos motores de 1 litro está na Fiat (65,8%). A VW é vice (64%), a Renault tem 44,3%, a Chevrolet, 41,7% e a Ford, 36%.